sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

NÃO SABER -PLATAFORMA DA SABEDORIA



"Não saber":Plataforma da Sabedoria

O Homem acha e sempre achou que "as coisas são só e só poderiam ser assim mesmo", quero dizer: não ocorre a quase ninguém, indagar sobre as raízes daquilo a que nos acostumamos a chamar de "realidade",essa realidade costumeira, feita de sóis e planetas, corujas e formigueiros, postes de ferro,sonetos e pedrinhas no sapato;a realidade mesmo,a realidade pura e simplesmente,somatória de todas as coisas , objetivas e subjetivas.
Ninguém pergunta para si mesmo:Que coisa estranha é esta em que me encontro como parte?...A vida e o existir, o cenário que envolve a minha presença...os laços de minha consciência e do meu coração?...

De um modo geral já temos respostas fabricadas ou pelos religiosos,pelos filósofos ou pelos cientistas.
Em cada esquina existe alguém que se considera dono da verdade, naturalmente acompanhado por um círculo de pessoas que lhe dá endosso.

Que me perdoem os "convictos":a questão não é tão simples assim.

O "Ser" poderia "Não Ser",como refletiu Shakespeare.Vou mais adiante e constato Maeterlink, o poeta das abelhas:"O grande segredo é que tudo é segredo".E Krishnamurti:"A realidade é o desconhecido".

Analiso primeiro o cotidiano:vejo,ouço coisas,cores,ruídos e sons.

A luz! que coisa incrível a presença das formas! meu coração que bate mais depressa diante dos olhos de alguém especial,de um amor.

Francamente, não vejo a coerência entre esse cotidiano e os absurdos de um comportamento humano caracterizado pelo egoísmo e pelo medo.

Parece que o nosso senso de avaliar as coisas se comporta como os dispositivos de uma câmera fotográfica: ao captar as imagens nítidas que se encontram no plano do cotidiano,perdemos o foco do plano transcendental,sendo verdadeira e recíproca.Gênese de um dualismo fantástico,onde o pessimista através da imaginação,projeta suas idéias negativas sobre o real e quando o idealista fanático propõe o acanalhamento do mundo material, só porque, pretensamente se julga numa torre de marfim.

Muita gente fica escandalizada com as considerações acerca de outras possíveis "realidades",além daquela que conhecemos através dos sentidos.Alusões aos universos paralelos,aos planos metafísicos da linguagem teosófica como o "astral" ou o "Devachan",referência ao hiperespaço, às bruxas voadoras ou ao "gnomo de chapéu vermelho" são logo taxados de"extravagâncias anticientíficas".

O interessante, porém ,é que muitos dos próprios defensores dessa tese de ocultismo, não sabem que o único argumento verdadeiramente válido em favor de suas asserções ,reside no fato de que supostas realidades inabituais , também chamadas "sobrenaturais" não são nem mais nem menos estranhas do que a nossa realidade conhecida.

Pedro Bloch, o nosso admirável teatrólogo, já disse em certa oportunidade que "O sobrenatural só seria sobrenatural se pudéssemos explicar o natural do natural"...

O empirismo sensorialista do homem sem profundidade epistemológica.(Epistemologia-Ciência dos modos de conhecer),é que cria as generalizaçõe sobre a indiscutibilidade do chamado "real".

O Homem pode possuir um acervo enorme de conhecimento sobre o universo em que vivemos,pode até ser um criador de universos, através da criação de conceitos,mas nada sabe a respeito da "Razão de Ser" das coisas,porque,basicamente,não se conhece a si mesmo.

É claro que perguntas complexas podem ser formuladas e também respostas simplíssimas podem ser oferecidas, como por exemplo,as que partem do pensamento científico,pretendendo ser filosófico,ou as do pensamento filosófico,pretendendo ser científico.

Da mesma forma, como a "realidade" nada tem de simples , o processo da história humana também não é nada fácil de ser explicado, porque na verdade,os caminhos da chamada evolução,bem poderiam ter sido outros;assim como a culminância da cultura,que é a civilização,bem pode ser um equívoco...um erro de planejamento ou a consequência de um acidente cósmico.

A busca da realidade que culmina na sabedoria,não deve ser tentada sobre afirmações conceituais.Ela começa no instante em que adquirimos consciência dos nossos condicionamentos;momento em que as "certezas"começam a se desmanchar diante da imensidão do desconhecido que se descortina diante da nossa inteligência liberdade!

Texto-Alódio Továr- Meu pai
Foto-  Alódio Továr- Meu filho

EXPERIÊNCIA...

Eu sorria em certo dia, lá na rua do luar
Quando minha alma de repente começou a chorar.
A menina que ao meu lado, ao milagre olhava
Ficou toda molhada com o molhado da lágrima.
Por que seria? -Pensei que no pecado
A ânsia me invadia, logo a mim que me julgava
Um exemplo de Liberdade da alma?
Seria o preço da ambiguidade, o salário da licença?
A Revelação da perversão da razão do oculto epicurista?
A princípio imaginei ante o íntimo desdouro
Que a verdade e a poesia, fossem falir em meu tesouro,
Pois eu pensei naquele dia que havia
Um torpe inseto dentro de mim
Gerado pelo incerto da alegria
Em contradição com a nostalgia.
E como o sonhador que quando acorda a sonhar continua.
Eu quis me libertar do luar da rua
Pretendendo em abrupto acorde de resistência
Eliminar o pecado e a incoerência,
Incoerência da - a moral,conforme a consciência,
Falta de estética ética, segundo o mundo.
Mas..que seria,refleti pensando em ti,
A realidade do meu anseio, amada?
O retrocesso do confesso ou a parada do processo?
Qual o verdadeiro da tragédia?
(tragédia ou comédia?)
Em qual depositar a fé?
No que chorando é o que pode ser
Ou no que sendo austero,
 pretende ser o que não é?
(Alódio továr)

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